Entre os diversos benefícios que a natureza proporciona ao ser humano, destaca-se sua capacidade de ser um calmante natural e contribuir diretamente para a nossa felicidade. Esses efeitos positivos têm sido amplamente comprovados e podem ser facilmente experimentados por qualquer pessoa que se permita desfrutar da beleza e tranquilidade da natureza.

A natureza atua como um calmante natural, fato esse inquestionável e que não deve ser ignorado. Mesmo os indivíduos mais céticos não conseguem negar a sensação de serenidade que um ambiente verde pode proporcionar, o silêncio de um campo ou até mesmo a melodia imponente do mar.

Dentro do pilar Espírito, a natureza figura como um subpilar. Isso se deve ao fato de acreditarmos que a interação com elementos naturais é essencial para o equilíbrio desse aspecto da vida. Como já se sabe, o equilíbrio dos seis pilares é um caminho para alcançar uma vida longa e plena.

Conforme abordado nesta matéria, há uma diversidade de benefícios associados ao contato com a natureza. Vale destacar que não é preciso se aventurar em uma mata ou em um ambiente selvagem para desfrutar desses benefícios. A prática da jardinagem, por exemplo, uma atividade doméstica que pode ser realizada em seu próprio quintal, pode contribuir de maneira positiva para diversos pilares.

Devido à nossa imersão em uma dinâmica social repleta de telas, luzes artificiais e sons robóticos, muitas vezes nos esquecemos de que somos seres naturais e pertencemos à natureza. Os efeitos que ela exerce sobre nós são tão significativos que transcendem as fronteiras entre o que é real e o que é tecnológico.

De acordo com este artigo, estudos científicos comprovam que a simples visualização de uma imagem de um ambiente natural pode acalmar pacientes com estresse pós-traumático. Além disso, um estudo revelou que ouvir o som das ondas do mar por sete minutos consecutivos em uma sala de espera é mais eficaz na redução do estresse do que outros sons criados artificialmente para esse fim.

Embora também exista uma natureza artificial, como é o caso do uso de óleos essenciais e fragrâncias cítricas produzidas em laboratório, sem a utilização da planta em si, é importante destacar a fusão entre ciência e natureza no desenvolvimento de medicamentos fitoterápicos, amplamente utilizados até mesmo pelo sistema público de saúde do país.

Por último, é importante destacar que as imersões interativas em ambientes naturais por meio de tecnologia 3D ou Realidade Virtual têm se mostrado altamente positivas para o nosso bom funcionamento cerebral e fisiológico, conforme demonstrado por pesquisadores nesta área.

Embora existam diversas soluções tecnológicas e artificiais que promovem o contato com a natureza, nada se compara à experiência de caminhar descalço na grama. A contemplação de um horizonte sem intervenções urbanas e a respiração profunda de um ar limpo são capazes de inundar nosso ser com uma sensação pacífica que nenhuma outra distração moderna é capaz de proporcionar.

A razão para isso é simples: viemos da natureza e pertencemos a ela, como defende o conceito de biofilia. Tudo está intrinsecamente ligado em um ecossistema, e os átomos que compõem o ferro que corre em nossas veias são os mesmos que habitam as estrelas no espaço sideral.

As conexões entre nós e a natureza vão além do nível molecular, e estendem-se à nossa saúde física e mental. A natureza é capaz de melhorar a memória e a linguagem, reduzir o estresse e a hipertensão, além de promover o desenvolvimento cognitivo das crianças.

Por isso, é importante lembrar que as soluções tecnológicas não substituem a experiência de contato direto com a natureza, que é essencial para o nosso bem-estar e equilíbrio emocional.

Seguindo essa linha de raciocínio, novas pesquisas sugerem que a relação entre os seres humanos e a natureza pode estar profundamente e diretamente ligada à sua felicidade. Em um artigo para a revista Psychology Today, a autora Marilyn Price-Mitchell apresenta as principais descobertas recentes sobre o tema e cita a famosa frase do poeta Samuel Johnson: “O afastamento da natureza é o afastamento da felicidade”.

Estudos recentes publicados pelos pesquisadores John Zelenski e Elizabeth Nisbet na revista científica Environment and Behavior apontam para a existência de uma conexão emocional humana intimamente ligada à natureza de forma preditiva e como isso afeta nossas atitudes e escolhas.

Esses estudos também encontraram evidências de uma relação entre a natureza e a felicidade humana. Para investigar essa relação, eles realizaram dois estudos baseados em uma pergunta central e comum em ambos: a conexão entre natureza e felicidade é independente de outros fatores que nos fazem sentir emocionalmente conectados à vida, como família, país, cultura, música e amigos?

Os resultados da pesquisa inicialmente mediram o sentimento de conexão das pessoas em diferentes esferas, incluindo a natureza. Os participantes avaliaram sua relação com o meio natural através de sua concordância ou discordância com afirmações como “Minha relação com a natureza é uma parte importante de quem eu sou” ou “Eu observo a vida selvagem onde quer que esteja”. Os resultados identificaram que, em várias ocasiões, a relação entre a felicidade e o contato com a natureza era frequente.

Os pesquisadores procuraram saber, sobretudo, se a natureza se destacava em relação a outras fontes de felicidade que podemos sentir em nossa vida, e o resultado sugere que há uma sensação de alegria específica que só se manifesta em ambientes naturais, além de uma sensação mais geral associada às nossas relações com a família e a casa.

Os resultados da pesquisa indicam que “o relacionamento com a natureza tem um benefício distintivo para a felicidade”, além do benefício mais geral de se sentir conectado à família, amigos e lar. Nossa conexão com a natureza também se correlacionou com a maioria das medidas de bem-estar humano, sugerindo que ela pode desempenhar um papel extremamente importante na manutenção de uma saúde mental positiva.

Num segundo momento, Zelenski e Nisbet realizaram um segundo estudo para investigar se o relacionamento com a natureza pode preceder um pico de felicidade no indivíduo, aprofundando as conexões com a felicidade, especialmente as de qualidade interpessoal, como apego, interdependência e pertencimento.

As conclusões desse segundo estudo, em comparação com as do primeiro, levaram os pesquisadores a importantes descobertas: a conexão emocional com a natureza é distinta de outras conexões psicológicas em nossas vidas; a relação com a natureza muitas vezes prevê a felicidade, independentemente de outros fatores psicológicos; as conexões psicológicas com a natureza têm a capacidade de facilitar atitudes sustentáveis, sendo uma ferramenta importante na preservação do meio ambiente.

Consequentemente, foi comprovado que a natureza não é apenas uma sensação agradável, mas exerce um efeito positivo específico e qualificado sobre nós, trazendo felicidade. Essa sensação é diferente daquelas que encontramos em outras relações, como estar com pessoas amadas ou praticando um hobby. Por isso, é recomendável que tire seus sapatos, pise na grama e experimente pessoalmente o poder que a natureza pode proporcionar.